AGÊNCIA DO BANCO DO BRASIL, EM SOBRAL
Estamos no início da década de TRINTA. A Revolução Política que agitou o País do Oiapoque ao Chuí, teve suas raízes primeiras na oligarquia política dominante que deixava o resto deste Brasil sujeito a uma gangorra de MINAS para SÃO PAULO, o conhecido convênio do CAFÉ-COM-LEITE. No entanto, esta crise política tinha raízes mais profundas, raízes de natureza financeira, que nasciam na maior crise econômica de que a história teve conhecimento, a crise de 1929, mais precisamente em 17 de outubro de 1929, que, sacudindo toda a Europa levou os EEUU à beira da falência, com reflexos altamente negativos junto aos países exportadores. O Brasil não podia fugir à regra imposta pela contingência dos fatos. A saca do nosso café embarcado em 1928 no Porto de SANTOS, FOB a 400 mil-réis, era no ano seguinte, em 1929 oferecido CIF, na Praça de Londres, a 80 mil-réis a saca. Não havia economia capaz de sustentar-se num descalabro deste jaez. O Banco do Brasil, interveniente como sempre o foi, em todos os negócios deste país, permanecia em vigília permanente, ao pé do Cabo- Submarino, da Praça de Londres para a de Berlim, desta para a de Washington, acompanhando passo a passo a reação da Bolsa, a liquidez de nossas operações, o seguro de nosso patrimônio. Cessada a poeira de 1929, amainados os ânimos de 1930, o país continuou sua marcha e o Banco do Brasil correndo sempre ao lado do progresso ía já estendendo sua rede de assistência às regiões mais ávidas de desenvolvimento, mais carentes de assistência creditícia. O Ceará contava apenas com duas agências SATELITE. FORTALEZA, a 8ª, inaugurada a 14.08.1913 e Camocim a 39ª fundada em 1919, por força do porto marítimo que encaminhava a nossa produção e recebia os produtos que importávamos das terras de além-mar. Sobral despontava no hinerland cearense com o comércio atacadista que supria os estados do Piauí e do Maranhão. Funcionavam nesta praça e adjacências o BANCO DE CRÉDITO AGRÍCOLA DE SOBRAL, O BANCO COMERCIAL DO MASSAPÊ, tendo como baluartes João Pontes e Miguel Dias de Carvalho, o BANCO DO IPÚ e a Casa P.MACHADO & Cia, em Crateús. Eram estes os estabelecimentos creditícios daquela época que, dada a exiguidade de suas condições, não satisfaziam às exigências da Princesa.O Banco do Brasil, conhecedor dos nossos problemas, veio em nosso auxílio, instalando a sua 85ª agência nesta cidade, em 02.05.34, ali onde funcionava o banco de Crédito Agrícola de Sobral, depois Banco do Ceará, pagando aluguel mensal de 300 mil-réis. Era esta a equipe instaladora: GERENTE- Eurico de Alencar Araripe, vindo de Itabuna – BA CONTADOR – Carlos Firmo de Sousa, de João Pessoa – PB CAIXA – Bernardo Vasques Diniz, do Rio de Janeiro – RJ Escrituário – Carlos Pinho de Vasconcelos, de Parnaíba – PI Escrituário – Antônio Marcher Pereira de Sousa, de Recife – PE Escrituário – Antônio Magalhães dos Reis, de Camocim – CE Contínuo Evandro Andrade Coelho, de Sobral – CE Contínuo – Carlos Emir de Carvalho, de Teresina – PI De lá pra cá, muitas operações foram deferidas, muitos gerentes debruçaram-se sobre os processos de financiamento conduzindo a aplicação do crédito como o esculápio escrupuloso conduz a aplicação do remédio. O gerente instalador EURICO DE ALENCAR ARARIPE, foi substituído por José Baltazar de Oliveira Serra, Salvador Russo, Milton Araújo, Miguel Furtado, Raul Santos, Arnóbio Rosa de Farias Nobre, Eduardo Rodrigues Duarte, Lauro Augusto de Matos Pereira, Luiz Morone da Silveira, Pedro de Melo Assunção, Eduardo Rodrigues Duarte, como Inspetor-Gerente, em duas oportunidades, José Osmar Nobre, Fernando Porto Lima, José Erisdan Teles Monteiro, João Helly Ferreira Ellery, Ademir Lima e Silva e Marcos Martins de Lima em cujas mãos repousa a direção deste barco, num momento em que a nação brasileira vive as intempéries da mesma procela de 1929. Temos por bem registrar aqui a primeira presença feminina no quadro funcional desta agência, na pessoa de Yayá Pompeu de Saboya Magalhães. Temos por bem registrar a presença pioneira de um funcionário, ainda vivo, e aqui presente, alegre de viver, confiante no futuro e saudoso do passado – EVANDRO ANDRADE COELHO. Temos por bem registrar as quatro mudanças monetárias por que passou. Em 1941, de mil-réis para cruzeiro, abandonando toda a família do tostão, da pataca e do cruzado, tão comum àquela época; do Cruzeiro para o Cruzado, do Cruzado para o Cruzado-Novo e do Cruzado-Novo para o Cruzeiro novamente.Hoje, decorridos 57 anos, da instalação da agência pioneira do Banco do Brasil, nesta praça, vivemos nesta noite momentos festivos quando a Direção Geral entrega à sociedade sobralense a sua agência, com substanciais reformas, dentro dos mais modernos padrões, para o desempenho dos seus serviços de acordo com o merecimento de seus clientes e o desenvolvimento de Sobral e de toda região. Estão de parabéns, portanto, a população da Princesa do Norte e os funcionários desta casa pelo régio presente que recebem da Direção Geral do Banco do Brasil que fica credora dos aplausos e agradecimentos de todos. Relatos proferidos em 02.05.91 no átrio da Agência do Banco do Brasil em Sobral.
José Ferreira Portella Netto Funcionário de posse em 29.12.58