Joab Aragão
Quando circulou pela primeira vez, em 31 de março de 1918, ninguém, àquela época, poderia augurar uma vida tão longeva para o Correio da Semana. Havia, pois, razões para isso. Os jornais, naquele tempo, costumavam ter vida efêmera. Essa condição estaria vinculada aos custos de manutenção, à escassez de leitores integrantes de determinados segmentos da sociedade e ainda à ausência de uma linha de editoração bem definida praticada por alguns desses órgãos. Dom José, na sua História de Sobral, 1995, páginas 488 a 494, afirma que no período de 1860 a 1940 circularam em Sobral 119 jornais. Muitos desses periódicos ostentavam nomes exóticos como: O Calabrote, O Cuscuz, O Gato, O Morcego, A Minhoca, O Martelo, A Caveira, O Charuto, A Bala, O Canivete etc. Por outro lado, porém, havia outros com títulos bem mais apropriados como O Estudante, O Sobral, A Estrela, O Rebate, O Imparcial, A Lucta e, finalmente, O CORREIO DA SEMANA. Dentre a imprensa incipiente de então, merecem destaque O Rebate, do meu tio-avô Vicente Loyola, que circulou de 1907 a 1919 e A Lucta, de Deolindo Barreto, que circulou no período de 1914 a 1924. Ambos possuíram vida de 12 e 10 anos, respectivamente, com objetivos bem delineados. Dirigido, inicialmente, pelos padres Leopoldo Fernandes Pinheiro e José de Lima Ferreira, O CORREIO DA SEMANA atravessou períodos da História pontilhados por epidemias, guerras, revoluções, crises econômicas, crises políticas, tempos de bonança, crises sociais, enfim testemunhou e vivenciou momentos que lhe outorgaram, e continuam outorgando, o exercício de mandatário de gerações que povoaram, e povoam, a região Norte do Ceará. Nas suas páginas ficaram impressas informações, notícias, reportagens, artigos, editoriais que hoje servem como objetos de pesquisas que embasam estudos sobre a nossa história. Apesar das incertezas, apreensões e um sem número de alterações contidas na caminhada de longo curso, O CORREIO DA SEMANA, furou o bloqueio da vida efêmera e, graças à administração dos seus gestores, à eficiência dos redatores, colunistas e a confiança dos seus leitores e anunciantes, mantém-se fiel à sua linha editorial, como porta voz da Diocese e de um povo que habita as zonas Norte e Noroeste do Ceará. A despeito dos obstáculos presentes na vida do jornal, lembro-me bem de Adonias Rodrigues Carneiro, do monsenhor Tibúrcio Gonçalves de Paula, do monsenhor Sabino Loiola, do padre Sadoc de Araújo, do padre Egberto Andrade, todos à frente desse órgão, num certo período da sua existência. E chega à marca dos cem anos com nova feição gráfica, ótima impressão, excelente diagramação. O bolo de hoje, 31 de março de 2018, está ornamentado por cem velinhas. Todas acesas, hão de iluminar a edição centenária do jornal. E o texto contido nas suas páginas dirá para o mundo inteiro: – Sou o Correio da Semana! – Sou centenário. Sim, senhor! Firme e forte!